© "Via sacra"  Bill Ross
 

 

Novembro - 2008

A Tua Palavra Ilumina os Meus Passos

 

Êxodo

Adonai revela a Moisés

o Seu plano de Salvação

   

Êxodo, capítulo 6

   
Autora: Nicoletta Crosti
 

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Neste capítulo são retomados temas já apontados; aquele em que Adonai ouve o grito de sofrimento dos Israelitas (v.5), a vocação de Moisés enviado a libertar os Israelitas (vs. 6-10), a apresentação do nome de Adonai (v.3), e a promessa da terra de Canaã (v. 4). Mas aqui em cada tema aparecem destacados elementos teológicos novos, porque a teologia do Êxodo vem apresentada segundo a tradição sacerdotal. Traz-se para primeiro plano o “dar-se a conhecer” aos hebreus e egípcios por parte de Deus, e o “conhecer” o Senhor por parte dos israelitas, “sabereis que sou o Senhor” (v.7).

A história do Êxodo não é só a história de uma libertação, é sobretudo a história da revelação progressiva de Adonai.

vs. 2-3 “eu sou Adonai (o Senhor)”. Deus apresenta-se com o seu nome próprio, à semelhança do que já tinha feito no c. 3 do Êxodo, repetido no v. 8, como confirmação das palavras que acabavam de ser pronunciadas. É a grande novidade do Êxodo. Vem explicitamente dito que é o mesmo Deus, aparecido a Abraão, Isaac e Jacob, e desta forma se liga o livro do Êxodo ao do Génesis.
vv. 4-5 “Eu estabeleci a minha aliança convosco, para vos dar a terra de Canaã… e recordei-me da minha aliança” esta aliança/promessa da terra é iniciativa de Deus à qual quer permanecer fiel (como já tinha acontecido com Noé, Gn 9,14-16). É uma aliança unilateral e incondicional (Gn 15,18; 17,8). Foi esta a grande descoberta dos israelitas na Babilónia, que lhes permitiu continuar a esperar um retorno.
v. 6 “livrar-vos-ei da escravatura e vos resgatarei”. Adonai é o ‘goel’, o parente que resgata aquele que caiu na escravatura por causa das dívidas.
“com grandes juízos” Adonai julga quem ignora a sua soberania (Ez 7,1-13; Es 4,22-23).

Deus é o redentor, é uma qualidade constitutiva do seu ser.

v. 7 “Tomar-vos-ei como o meu povo (adoptar-vos-ei) e tornar-me-ei no vosso Deus”. Pela primeira vez se faz referência à declaração fundamental da aliança do Sinai dos capítulos seguintes, aliança esta por sua vez bilateral e condicionada, diferente, no entanto, daquela que se refere à terra. É a grande vocação de Israel: ser o povo de Deus.
“e vós sabereis que sou o Senhor”. A libertação para se tornar salvação deve ser reconhecida enquanto revelação do deus que salva. Nesta mesma linha Jesus dirá “... a tua fé te salvou”.

Revelação do Deus que salva e resposta da fé são parte integrante da completude do acto salvífico.

v. 8 “ dar-vos-ei em posse” - Trata-se de uma posse relativa porque a terra permanece do Senhor, dono de toda a terra (Lev 25,23). A terra é o grande dom de Deus, é a dádiva fundamental, a qual se actualiza no dom quotidiano do alimento (Sl 136/135, 21-22,25).

Deus é aquele que a antonomásia dá.

v. 12 “tenho a palavra presa”. Literalmente “os lábios não circuncisos”, não purificados e portanto incapazes. Como já no c. 3, Moisés põe objecções. Adonai aceita e põe Araão ao lado de Moisés.
Neste capítulo emerge a figura de Araão, que se tornará sacerdote. É uma figura necessária para legitimar o sacerdócio de Jerusalém no tempo do pós-exílio.
No texto, Moisés precede em duas vezes o nome de Araão (vv. 13 e 27), e uma vez segue-o (v. 26); é a tensão entre profetismo e sacerdócio, que permeia todo o Pentateuco.
vv. 15-25. Vem referida a genealogia de Araão e Moisés. A genealogia é importante para legitimar os direitos e o status das famílias, especialmente no período do pós-exílio, quando um número elevado de repatriados tiveram que provar serem hebreus (Esdra c. 2). A genealogia focaliza-se em Levi, no seu descendente Araão e na sua família. As outras personagens citadas serão importantes no Pentateuco, como Coré (Num 16), Eleázaro (Num 17) e Fíneas (Num 25).

   

Tradução: Ana Luísa Teixeira

     
   

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