© "Via sacra"  Bill Ross
 

Dezembro - 2009

 

A Tua Palavra Ilumina os Meus Passos

 

Génesis

ADONAI COMPROMETE-SE A FAZER UMA ALIANÇA PERENE COM A DESCENDÊNCIA DE ABRAÃO
Génesis c.17
   
Autora: Nicoletta Crosti
 

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Este capítulo é um mosaico de várias tradições, todas elas provenientes de fonte sacerdotal. O centro da teofania está na expressão disse Deus, repetida várias vezes  (v.1, 3, 9, 19). A Palavra de Deus tem aqui a mesma força criadora do Génesis (cap. 1) e dá origem ao berît, a aliança. Esta expressão percorre este capítulo 14 vezes, um número de plenitude e totalidade (depois do número perfeito 7) .

A Aliança é a  categoria sustentadora da teologia bíblica.

Diferentemente do capítulo anterior, a aliança não é apresentada como apenas uma iniciativa exclusiva de Deus mas uma iniciativa de Deus que envolve também Abraão. Assim é pedido (v.1): caminha à minha frente e sê íntegro, isto é, inteiramente orientado para Deus (Jos 24,14-15). A corrente sacerdotal sublinha sempre a exigência ética do pacto. O parceiro, comprometendo-se, torna-se sujeito responsável e não um banal objecto de dádiva.

O capítulo divide-se em três partes: A primeira,  do v. 1 ao v. 8: o Deus de Israel estipula a aliança com Abraão e a sua descendência. A segunda,  do v. 9 ao v. 14 e do v. 23 ao v. 27: Adonai pede a circuncisão como sinal de aceitação da aliança. A terceira, do v. 15 ao v. 22: é o anúncio do nascimento de Isaac a partir de Sara, a mulher estéril.

v. 2 Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti... Neste pacto, se é que há uma anomalia é que não é o fraco que pede ajuda ao forte, mas o forte (Deus) que quer salvar e proteger o fraco. Então, a fonte do agir de Deus é uma vontade que se move à compaixão, pelos que são estrangeiros (v.8) e escravos.

O coração da revelação bíblica de Deus não é a sua transcendência mas a sua condescendência.

Segundo os autores do Génesis :

Deus criou o mundo como espaço da relação de aliança entre Deus e o homem.

O mundo é aquele paraíso da comunicação entre Deus e o Homem, que este continua a infringir.

v. 4 Não mais te chamarei Abrão, mas chamar-te-ei Abraão. A mudança de nome é característica do chamamento ou seja designa a tarefa da pessoa na história da salvação. Abraão significa “pai de uma multidão” (veja-se Gn 17,16). Esta expressão aparece repetida e também será referida a Jacob (Gn 28,3; 35,11). Aqui surge o novo conhecimento do pós exílio, o da dimensão universal da vocação de Israel, que deve fazer conhecer Adonai e a sua santidade a todas as nações.

v.7 …como aliança perene por ser  o teu Deus e o da descendência depois de ti.  Aparecem dois elementos novos: a aliança é perene e é dada não só a Abraão mas à sua descendência. Claramente vem explícito que fazer aliança significa pertencer-se reciprocamente. Israel é propriedade de Adonai (Es 19,5-6 e Dt 14,2); Adonai é o Deus de Israel (Es 29,45). Veja-se também Lv 25,38; 26,11-13 e 45; Es 6,6-8.

A aliança é perene porque fundada na fidelidade estável de Adonai.

v. 8 Dar-te-ei o país onde és estrangeiro... Os hebreus são o único povo nascido em terra estrangeira, no deserto, não naquela que será a sua própria terra. Não será a terra que dará a identidade ao povo, mas a aliança com os respectivos mandamentos. Por isto pode Israel viver  19 séculos sem terra.

A terra é dada aos hebreus como um sinal, diante dos povos, de uma relação redimida do homem com a terra.

vv. 9-14 Da tua parte deves observar a minha aliança...sejam circuncisos...todos os varões. Adonai pede a circuncisão no oitavo dia, como sinal perene da aceitação da aliança da parte de cada indivíduo, como sinal da sua exclusiva pertença a Deus. A circuncisão não é um rito colectivo de iniciação como em outros povos, mas um compromisso pessoal. Parece  que a circuncisão se iniciou na Babilónia porque os babilónicos não se circuncidavam, como não se circuncidavam todos os semitas orientais,  pelo contrario está documentada no antigo Egipto.

Para os deportados, a observância deste uso tornou-se num testemunho da sua fé em Adonai.

v. 15 Não mais a chamarei Sarai mas Sara. Inicia-se uma nova etapa, Adonai faz uma declaração que não segue a linha precedente. Dá-se o pré-anúncio do filho da promessa a Sara. Também esta aparece com o nome mudado, mas o significado do novo nome é incerto. A tradução hebraica, baseando-se na vocalização, traduz Sarai como minha princesa, isto é, princesa para Abrão, mas com a queda da última vogal a vocação de Sara torna-se a de ser uma princesa para todos.

 v. 19 E Deus disse…Sara… conceberás um filho e chamá-lo-ás  Isaac. A eficaz palavra de Deus fará nascer um filho do seio estéril de Sara, e vem até indicada a data do nascimento (v.21). O nome do filho, Isaac, provém etimologicamente do verbo rir. Por isto, o tema do riso aparece mais vezes na relação com Isaac .(Gn 17,17; 18,12 e 21,6).

v. 20-21 Quanto a Ismael, também te escutei…mas estabelecerei a minha aliança com Isaac. Deus responde a Abraão dando-lhe o bem da prole também com Ismael, seu filho, mas aqui tem de se sublinhar que o filho da promessa é Isaac, nascido da intervenção directa de Adonai que anulou a esterilidade de Sara. Fica assim definida a distância entre Ismaelitas e Israelitas. A Escolha de Deus permaneceu sempre misteriosa.

vv. 23-27 Abraão obedece prontamente, naquele mesmo dia, e circuncida todos os varões da sua casa, inclusivamente os escravos não hebreus, que pertencendo ao senhor faziam um todo com os seus familiares.

No v. 14 sublinha-se a importância do rito; quem se recusa a fazer a circuncisão não pertence mais ao povo e será erradicado.

   

Tradução: Ana Luísa Teixeira

   

   

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