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Novembro - 2012

 

A Tua Palavra Ilumina os Meus Passos

 

Génesis

UM  SONHO PODE SER UM GUIA

PARA DESCOBRIR OS DESÍGNIOS DE DEUS

Génesis, capítulo 40 e 41, 1-36

  

Autora: Nicoletta Crosti

 

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No capítulo anterior, o narrador tinha mostrado a presença constante do Senhor e das suas bênçãos em José, um escravo de Potifar, no Egipto. Agora, neste capítulo, inicia a história da maior bênção, a libertação de José da sua escravidão. A libertação não chega através de um milagre.

O Senhor geralmente não age através de acções milagrosas,
mas através do quotidiano da vida.

 Neste capítulo, José prova que ainda é um homem responsável, sábio, que está envolvido na acção e descobre que tem o carisma de interpretar sonhos.

vv. 1-3 Descrevem os antecedentes. O copeiro-mor e o padeiro-mor, pessoas importantes, pecam contra o seu senhor, o rei do Egipto. Isso  coloca-os em residência forçada na casa do capitão da guarda, onde estava José.

v. 5 () tiveram os dois um sonho, que tinha um significado especial. Na tradição judaica os sonhos podem ser ilusões humanas e divagações (Sr 34,1-2, Jr 23,25-32) ou teofanias (Gn 20,3, 28,12-15) ou profecias divinas expressas em linguagem simbólica. O último precisava de um intérprete inspirado para a sua interpretação (Dn 2,24-30). No entanto, a adivinhação e a necromância ao estilo pagão eram usualmente negadas, pois apelavam a outros  deuses e  afastavam de Adonai (Dt 13, 2-6;. 18,10-14, Lv 19, 26,31, Actos 13, 6-12).

v. 6-8a José aproximou-se deles… porque tendes hoje a face tão triste?… Tivemos um sonho… Raramente na Bíblia os autores se detêm a mencionar emoções, mas aqui o autor quer realçar a bondade de José que se “faz próximo” dos presos. Estes sentem-se perturbados pelos seus sonhos que não entendem.

v. 8b José disse-lhes Não é verdade que o poder de interpretação dos sonhos só a Deus pertence?  É uma frase polémica contra as interpretações mágicas, as adivinhações pagâs. José refere-se a Adonai, o único que pode interpretar os sonhos. Para Israel, a previsão do futuro estava nas mãos de Deus e, portanto, interpretar sonhos era um carisma concedido pelo próprio Deus. Aqui José, ao ler os sonhos, encontra-se na mesma situação dos profetas que liam os acontecimentos históricos no sentido determinado por Deus.

vv. 9-11 Vem narrado o sonho do copeiro-mor, que fala de uma videira, de uvas maduras e do copeiro que as espreme no copo do faraó.

vv. 12-13  José dá a interpretação: depois de três dias Faraó iria restituir-lhe o cargo.

vv. 14-15 Faça-me o favor… de me fazer sair  desta casa. José como um homem sábio tenta encontrar uma forma humana de sair do cárcere, pede um favor e destaca a injustiça da sua situação.

vv. 16-19 Vem relatado o sonho do padeiro-mor e dada a interpretação de José: o teu senhor te levantará a testa cima dos ombros e depois te enfiará num poste.

vv. 20-22  O previsto nas palavras de José acontece, demonstrando a precisão de sua interpretação.

Capítulo 41, 1-36

vv. 1-7 (…) o faraó sonhou… saíram do Nilo 7 vacas com bom aspecto… e depois 7 outras vacas…com mau aspecto… devoravam as sete belas vacas.  A este sonho sucede outro similar que vem do mundo vegetal: algumas espigas raquíticas devoram as espigas gradas.

v.8 De manhã o seu espírito estava perturbado e convocou todos… mas nenhum os sabia interpretar. O faraó sente que são sonhos premonitórios e tem medo, mas segue o caminho errado. De facto o faraó decide-se pela adivinhação pois pensa que a inteligência do homem é capaz de interpretar os sonhos.

vv. 9-13 Assim como ele interpretou assim aconteceu. O copeiro-mor recorda-se de José e das suas interpretações exactamente conformes ao acontecido.

vv. 14-15 Então o faraó chamor José… tive um sonho… José responde ao faraó: não eu!  Deus é que dará a resposta salutar para o faraó Esta frase de José tem um forte significado teológico. É veementemente enfatizada a diferença entre a adivinhação profissional pagã e a iluminação carismática que só pode vir de Deus.

 
O crente que recebe carisma sabe que ele é só um instrumento, um canal de graça.
Não é o seu espírito mas o Espírito de Deus que opera nele.

Nesta linha também S. Paulo (I Coríntios, 15,10).

vv. 17-22  São repetidos os sonhos já descritos.

vv. 25-32 O sonho do faraó é um só: aquilo que Deus vai fazer …A interpretação não é baseada em significados escuros e misteriosas, mas tudo se torna simples, até mesmo o repetir de sonhos que indicam o que proximamente acontecerá. Estão a chegar anos de abundância seguidos por anos de fome. Com a interpretação do sonho realiza-se a bênção dada a Abraão (Gn 12,2-3), que através dos patriarcas chega a José e agora ao faraó do Egipto.

Podemos ver que Adonai é o salvador não só de Israel, mas também de um país pagão como o Egipto. Diversas vezes no A.T. Adonai abençoa todos os povos (Sir 44,21) e os salva (Sl 87/86, Is 19,21-25, 66,18 a 20).

 vv. 33-36 Agora pense o faraó em encontrar um homem inteligente e sábio… e proceda na instituição de funcionários… José comporta-se como conselheiro  de um chefe de estado. Faz mais do que lhe é pedido. Não só interpreta os sonhos, mas sugere uma maneira de sair da crescente ameaça da fome. A solução proposta não era conhecida na Palestina, mas já era conhecida  no Egipto.

  

Tradução: Ana Luísa Teixeira

  

  

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