1. Felizes os que reconhecem o Amor na sua vida e acreditam n’Ele
– porque só o amor é gerador de vida.
Querer o bem do outro/sair de si/capacidade de antecipar o bem do outro sem coartar a sua liberdade/gratuidade/reconhecimento/necessidade de dar espaço à experiência do amor como fonte de vida/ quem reconhece o amor na sua vida está mais preparado para amar os outros. O amor ao outro potencializa a capacidade deste amar também/ Cadeia da vida. Acreditar na verdade e na genuinidade do amor. Défice em acreditar na gratuidade do amor.
2. Felizes os que vivem o dom da confiança
– porque possuem, em permanência, uma fonte de serenidade.
Confiança em si mesma, nos outros, na vida, em Deus. A confiança cultiva-se. Sinto confiança porque alguém confia em mim e esse alguém é Deus. Confiança vai a par do abandono. Confiança não é de mim para mim. Vem de Deus que primeiro confia em mim. Relação de confiança com o próprio Deus. Importância da história de vida de cada um/a e a leitura que fomos fazendo. A confiança aprende-se e exercita-se. Pode perder-se (traição). Alegria/Esperança/ Tranquilidade (serenidade). Traz capacidade para se sentir bem consigo mesma. Presença saudável no mundo. Não espera recompensa.
3. Felizes os que estão atentos aos sinais portadores de futuro
– porque são construtores do Reino de Verdade, de Justiça e de Paz.
Interessar-se pela realidade do mundo e do tempo em que vivemos, cuidar da informação/conhecer/identificar sinais de mudança/potencializar o que vai no sentido da justiça e da paz. Idem solidariedade e fraternidade. Percepcionar as rupturas que se anunciam e preparar-se para deixar nascer o novo/ Atitude positiva face à realidade e aos sinais dos tempos. Lugar para as utopias.
4. Felizes os que cuidam da Criação
– porque tomam parte na Obra criadora de Deus.
Sentir-se parte integrante da Criação e não seu dono nem seu centro polarizador. Respeito pelo que existe e pelas leis da vida em evolução. Não ter atitude de posse. Tudo o que tocamos tem impacto na Criação. Superar a visão utilitária. Ser capaz de sair do seu individualismo para cuidar do todo. Superar a miopia do curto prazo e ficar ao abrigo da impunidade. Resistir à pressão utilitária e materialista. Solidariedade com as novas gerações e com o futuro do Planeta. Viver com sentido da responsabilidade. Ética do necessário.
5. Felizes os que têm um coração compassivo
– porque suavizam a vida.
Ser capaz de assumir como sua a dor do outro. Entender com a inteligência e com o coração o sofrimento do mundo. Deixar-se atravessar pelo sofrimento dos outros e do mundo. Supõe que vê a situação do outro e o torna próximo para ir em seu auxílio. Na própria impotência, ser para o outro um sinal da presença de Deus. A pessoa cruzou o teu caminho e ainda que não tenhas podido fazer nada para ultrapassar a situação não lhe foste indiferente. O exemplo de Jesus num contexto político hostil, a sua intervenção foi sempre de proximidade. Mas Jesus também chora sobre Jerusalém. Devolver à pessoa que sofre a consciência de que ela é parte da solução. Coração compassivo com uma crescente paganização e vazio próprios da cultura contemporânea.
6. Felizes os que se deixam conduzir pelo Espírito
– porque conhecerão a liberdade interior
Procurar a verdade em cada situação. Não se deixar dominar por preconceitos. Manter a independência face ao olhar dos outros. Não se deixar influenciar pela aparência. Praticar o discernimento. Cultivar a disponibilidade interior para conhecer e aceitar os murmúrios do Espírito (a ligeira brisa que passa… a palavra, o olhar dos outros, uma circunstância).
7. Felizes os que são fiéis a si mesmos e guardam a sua inteireza
– porque neles se revela a presença inefável de Deus.
Identidade/integridade/honradez/lealdade/reconhecer o seu ser essencial/o nome/ser chamado/ sem identidade não há possibilidade de ser chamado/a presença de Deus revela-se no chamamento e para haver chamamento é preciso haver nome.
Poder entrar em conflito com as outras pessoas. Aceitar ser quem somos. Imagem do próprio Deus. (- Emma Ocaña).
8. Felizes os que semeiam a alegria
– porque a alegria é uma janela aberta para a esperança.
Contrariar a depressão colectiva manifestando atitudes positivas face à vida. Saber fazer a festa. Criar ambientes descontraídos e bem-humorados. Cultivar o anúncio das boas práticas. A alegria não ignora, nem esconde a tragédia.
9. Felizes os que se empenham na construção da justiça e da paz
– porque estão ao serviço do projecto de Deus e do bem da Humanidade.
Construir relações justas no mundo do trabalho. Reconhecimento da dignidade humana. Defender os direitos ofendidos. Colocar-se do lado dos mais vulneráveis, assumindo as suas causas. Partilhar os bens materiais e espirituais. Mobilizar os seus próprios recursos e capacidades no sentido do bem comum.
10. Felizes os que são capazes de aceitar as várias situações de morte
– porque as vêem como germens de vida.
Enfrentar as situações de doença, traição, maldade, frustração implica reagir com a sabedoria de aceitar o inevitável e descobrir aí novas fontes de vida. Ajudar as pessoas à nossa volta nos inevitáveis processos de luto.
11. Felizes os que amam o Belo e nele se reveem
– porque transportam consigo o olhar amoroso de Deus sobre a criação.
Cultivar a beleza nas suas diferentes manifestações, dar tempo à celebração do Belo, preocupar-se com a harmonia dos espaços. Sentir-se parte integrante do Todo. Sentido cósmico de pertença enquanto criatura e criador. Contemplar e louvar o Belo.
Fundação Betânia – 30 Novembro 2008