Em Dezembro, o site da Fundação Betânia vai propor um especial “Escrito de Natal 2020” onde Jesus ocupa o seu lugar no nosso coração enchendo-o com a Alegria própria dos cristãos.
Vamos assinalar este Natal com a participação de Amigos e Amigas que assim querem partilhar sinais de Esperança com quem nos visita.
Aqui haverá sempre música.
« Ce qui m’étonne, dit Dieu, c’est l’espérance.
Et je n’en reviens pas.
Cette petite espérance qui n’a l’air de rien du tout.
Cette petite fille espérance.
Immortelle.
Car mes trois vertus, dit Dieu.
Les trois vertus mes créatures.
Mes filles mes enfants.
Sont elles-mêmes comme mes autres créatures.
De la race des hommes.
La Foi est une Épouse fidèle.
La Charité est une Mère.
Une mère ardente, pleine de cœur.
Ou une sœur aînée qui est comme une mère.
L’Espérance est une petite fille de rien du tout.
Qui est venue au monde le jour de Noël de l’année dernière.
Qui joue encore avec le bonhomme Janvier.
Avec ses petits sapins en bois d’Allemagne couverts de givre peint.
Et avec son bœuf et son âne en bois d’Allemagne.
Peints.
Et avec sa crèche pleine de paille que les bêtes ne mangent pas.
Puisqu’elles sont en bois.
C’est cette petite fille pourtant qui traversera les mondes.
Cette petite fille de rien du tout.
Elle seule, portant les autres, qui traversera les mondes révolus.
[…]
Mais l’espérance ne va pas de soi.
L’espérance ne
va pas toute seule.
Pour espérer, mon enfant,
il faut être bien heureux,
il faut avoir obtenu,
reçu une grande grâce.
[…]
La Charité aime ce qui est.
Dans le Temps et dans l’Éternité.
Dieu et le prochain.
Comme la Foi voit.
Dieu et la création.
Mais l’Espérance aime ce qui sera.
Dans le temps et dans l’éternité.
Pour ainsi dire dans le futur de l’éternité.
(…)
Sur le chemin montant, sablonneux, malaisé.
Sur la route montante.
Traînée, pendue aux bras de ses deux grandes sœurs,
Qui la tiennent pas la main,
La petite espérance.
S’avance.
Et au milieu entre ses deux grandes sœurs elle a l’air de se laisser traîner.
Comme une enfant qui n’aurait pas la force de marcher.
Et qu’on traînerait sur cette route malgré elle.
Et en réalité c’est elle qui fait marcher les deux autres.
Et qui les traîne.
Et qui fait marcher tout le monde.
Et qui le traîne.
Car on ne travaille jamais que pour les enfants.
Et les deux grandes ne marchent que pour la petite.
Charles Péguy, Le Porche du mystère de la deuxième vertu, 1912
A D V I R
o advento chega com o cair da folha
e clama:
levantai a cabeça, vigiai!
o avento chega com o abatimento,
a deceção
a desistência
e clama: erguei-vos do chão, a alegria é o bordão
que reverdece o vosso andar
o advento chega como o sono
que clama
a vitória sobre o medo da noite
a entreaberta janela
porque surge o dia
o advento chega pela noite dentro
a erguer do chão
os dias obscuros que até
os ulmeiros escurecem
o advento chega
para reacender a fogueira morta
dos nossos desejos
como o Messias chega
para a terraplanagem chama
e os recomeços
o que não sabe sentar-se
na soleira do instante
e não barre os miasmas
que assombram o presente do passado
o que não é capaz
de se arrimar a um bordão
a um ponto fixo
sem vertigens nem medos
esse nunca saberá o que é a paz
serena e iluminada
de estar com
o que ao devir se entrega
sem margens nem salgueiros
sem bancos de areia ou lagos
na voragem do devir se afoga
não há planta, bicho ou gente
que não peça a luz para sair ao dia
mas também a obscuridade para repousar da luz
dá ao presente o fulgor do eterno
círio pascal que abre a noite aos jardins do pensamento
é no instante que floresce o reino
e os seus fiéis de amor se encontram
José Augusto Mourão, in Obra seleta – Imprensa Nacional – 2017
NATAL ÉS TU
(Papa Francisco)
NATAL és tu, quando decides nascer, nascer novamente, todos os dias e deixas entrar Deus na tua alma.
A árvore de Natal és tu, quando resistes, fortemente, aos ventos e às dificuldades da vida.
As decorações de Natal és tu, quando as tuas virtudes são as cores que adornam a tua vida.
O sino de Natal és tu, quando chamas, reúnes e tentas unir.
És também luz de Natal, quando iluminas, com a tua vida, o caminho dos outros com a bondade, a paciência, a alegria e a generosidade.
Os anjos de Natal és tu, quando cantas, para o mundo, uma mensagem de paz, de justiça e de amor.
A estrela de Natal és tu, quando levas alguém ao encontro com o Senhor.
És também os Reis Magos, quando dás o melhor que tens, sem te importares a quem o dás.
A música de Natal és tu, quando és um verdadeiro amigo e irmão de todos os seres humanos.
As felicitações de Natal és tu, quando perdoas e restabeleces a paz, mesmo quando sofres.
A ceia de Natal és tu, quando sacias, com pão e com esperança, o pobre que está a teu lado.
Tu és a noite de Natal, quando, humilde e consciente, recebes no silêncio da noite o Salvador do mundo, sem barulhos nem grandes celebrações; teu é o sorriso da confiança e ternura na paz interior de um Natal perene, que estabelece o reino dentro de ti.
Um bom Natal a todos os que se assemelham a Natal.
Natal, e não Dezembro Entremos, apressados, friorentos, Entremos, dois a dois: somos duzentos, David Mourão-Ferreira, in ‘Cancioneiro de Natal’
| NATAL SOLIDÁRIO E Deus Por isso Só então Até lá… (Zé Dias – 24/12/2005) |
Teremos Natal!
Sim, claro!
Aproveitemos a experiência rara de vivermos sós a chegada do nosso Salvador!
Sem nos distrairmos com enfeites, prendas, ceias, abraços, sorrisos, beijos, rebuliço; tudo bom, que nos faz falta.
Virá o tempo em que voltarão.
Fragilizados, despojados, silenciosos, aproximemo-nos do presépio, como crianças, peregrinos na busca da Luz.
Nela estará sempre a nossa Esperança!
Teremos Natal!
Sim, claro!