© "Via sacra"  Bill Ross
 

Dezembro - 2012

 

A Tua Palavra Ilumina os Meus Passos

 

Génesis

José Salva o Egipto da Fome

Génesis 41, 37-57

  

Autora: Nicoletta Crosti

 

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O autor continua a descrever José como um homem de Deus, que dá provas de ter as qualidades necessárias para resolver a crescente ameaça da fome. Além disso, descreve-o como um homem que se envolve nos acontecimentos, toma iniciativas, vive de modo responsável os seus compromissos, não é apenas um espectador. Não está de braços cruzados, faz.  Pensa mais no bem daqueles que encontra do que no seu bem pessoal. É exactamente o que cada hebreu deve ser.

De facto, no centro da fé de Israel está o binómio escutar/fazer. É com a prática que se exprime o amor a Deus.

Os crentes sabem que são servos de Adonai. Servos não escravos, porque Deus pode ser servido apenas por homens livres que escolhem tornar-se servos (Dt 10,12). Servos são os patriarcas (Dt 9,27), Moisés (Nm 12,7; Dt 34,5; Sl 105/104, 26), David (2 Sm 3,18; I Rs 11,13), Maria de Nazaré (Lc 1,26), Paulo de Tarso (Tt 1, 1), e todo o povo (Lv 25,42; Ne 2,20; 1Co 16,13). Os servos estão sempre em acção e na escuta do que o Senhor lhes pede através dos acontecimentos da vida. Jesus insere-se nesta mesma linha quando diz para fazer a verdade (Jo 3,21) e insiste no fazer a vontade de Deus, do Pai, e fazer acontecer a Palavra (Mt 7,21 e 24, Mc 3,35. Lc 6,46 -47; 8,21; Jo 6,38; 8,29).

vv. 37 - 40 Isso agradou ao faraó …ninguém é tão inteligente e sábio como tu …as tuas ordens regularão todo o meu povo. O faraó ficou muito satisfeito com as palavras de José, porque, ao mesmo tempo que anuncia a tragédia iminente, dá a solução para a superar. O faraó parece exagerar em dar a José o cargo de primeiro-ministro, isto é, representante do próprio faraó, e ao mesmo tempo também prefeito do palácio, tornando-se a pessoa mais poderosa no Egipto depois do Faraó (v. 44). Esta ascensão é apresentada como rápida e milagrosa, porque é preciso ficar claro que foi querida por Deus.

 Deus de facto é

aquele que mata e dá a vida, faz descer à sepultura e levanta (1 Sm 2,6).

vv. 42 - 43 O faraó tirou da mão o anel e pô-lo na mão de José …fê-lo subir para o segundo carro e na sua frente gritava-se Abrech. Particularmente importante foi a entrega do selo real, que ratificava perante o povo os desejos do faraó. O significado da palavra Abrech não está claro: se a palavra é egípcia, significa "atenção"; se for hebraica, significa "de joelhos". Significará, portanto,  cuidado e obediência.

vv. 44 - 46 O faraó pôs a José o nome de  Safnat-Panéa e deu-lhe como esposa Assenat, filha de Potifera, sacerdote de On. A mudança do nome é um acto importante que integra José no ambiente da corte egípcia. Na tradição rabínica, o nome é traduzido como "aquele que explica as coisas ocultas", o revelador dos mistérios. O faraó dá a José como esposa, a filha do sumo sacerdote de On/Heliópolis e assim integra-o definitivamente na nobreza egípcia.

A facilidade com que José é integrado na corte egípcia mostra que a história foi escrita numa época de grande tolerância, portanto, antes do exílio da Babilónia (587-538 aC).

vv. 46 - 49 A narrativa torna-se detalhado e no v. 49 há um exagero evidente.

vv. 50 - 52 Entretanto nasceram a José dois filhos… chamou o primógenito Manassés… e o segundo  Efraim. O nascimento de duas crianças dá completude ao quadro de um José liberto da escravidão, completamente reabilitado, e que agora ascende ao mais alto cargo político. O autor chama a atenção para a grande bênção dada a Abraão, o ascendente de José, "Farei de ti uma grande nação" (Génesis 12,2) e lembra que

 Deus é sempre fiel às suas promessas.

O autor tornou José pai de dois filhos, porque historicamente a tribo de Efraim, depois de uma temporada no Egipto, se juntou à tribo de Manassés, e fez sua a figura epónima de José, que assim se tornou o ascendente das duas tribos. Os nomes dados aos dois filhos de José são a expressão de gratidão pela ajuda recebida de Adonai. Manassés significa "Deus me fez esquecer de toda a minha dor e da casa de meu pai,". Esquecer não significa  não recordar  mas sim não ter saudade. Efraim significa "Deus me fez crescer na terra da minha aflição", ou seja, a terra que parecia hostil e triste transformou-se numa terra que produz frutos, isto é, a descendência.

v. 54 Começaram a chegar os sete anos de fome… Entra em cena a fome, como previsto por José, será este o fio condutor da história dos irmãos. A ênfase que num primeiro momento é dada apenas à fome fora do Egipto, recorda o facto histórico de um Egipto, onde sempre havia trigo, mesmo quando faltava nos países limítrofes.

v. 55 Ide a José; fazei o que ele vos disser. O faraó é responsável pelo bem-estar de seus súbditos, especialmente no Egipto, onde os súbditos eram escravos do faraó. O faraó dá a sua plena confiança a José e diz uma frase que vai manter a tradição hebraica, ao ponto do evangelista  João a colocar nos lábios de Maria em Canaã, referindo-se a Jesus (Jo 2,5).

v. 56 A fome assolava toda a terra… então José vendeu o trigo.  José torna-se o doador de vida numa situação de morte.

v. 57 De todo o lado chegavam ao Egipto para comprar o trigo de José... Esta frase quer ligar este capitulo com o seguinte e com o desenvolvimento da história.

  

Tradução: Ana Luísa Teixeira

  

  

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